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A PRIORIDADE É RETIRAR OS DIREITOS DOS TRABALHADORES

16/12/2016 às 09:12

     As revelações dos escândalos de corrupção crescem a cada dia no Brasil. E isso é importante, pois mostra a podridão que assola a alta cúpula do poder político e econômico no país, comprova os limites da política, da justiça e da democracia no contexto sociedade capitalista, marcado pela defesa dos interesses da classe dominante, do poder econômico, em detrimento dos direitos da população.

    O combate a corrupção desencadeou intensas manifestações no país, convocadas por movimentos que se autoproclamavam apartidários e que hoje já se sabe, foram financiados por grandes partidos políticos envolvidos na maioria dos casos de corrupção. Esses partidos, hoje ocupam cargos no alto escalão da Presidência da República e a própria Presidência. Os movimentos que receberam o apoio no processo golpista, mantém o silêncio perante os casos de corrupção envolvendo o grupo político que tomou o poder. 

    É nesse contexto que se insere o caso do presidente do Senado Renan Calheiros, que é réu em processo no STF, e, portanto, não pode ocupar cargo na linha sucessória da Presidência da República. No entanto, após pedir seu afastamento, o STF determinou que ele deve continuar à frente da Presidência. Uma decisão contraditória. No mesmo dia dessa decisão, Renan Calheiros retirou de pauta a votação do projeto de lei sobre abuso de autoridade. O fato foi amplamente divulgado pelos meios de comunicação no Brasil e no mundo. O que foi pouco noticiado, no entanto, é o fato de que Renan é parte de um projeto em curso no país que visa desmontar os direitos sociais conquistados pelos trabalhadores nas últimas décadas. 

    Quando tudo parecia resolvido entre o STF, Temer e Renan Calheiros, é divulgada a delação premiada de um ex-diretor da empreiteira Odebrecht. Nessa delação Renan Calheiros é citado, juntamente com dezenas de outros políticos, inclusive o presidente da República Michel Temer, em novo escândalo de corrupção. No dia 12 de dezembro, a Procuradoria geral da República denunciou Renan Calheiros ao STF, dessa vez por lavagem de dinheiro e corrupção na Operação Lava Jato. Os políticos citados nesses casos, negam o envolvimento e segundo o noticiário, tentam cancelar a delação.

    Ser réu no STF e citado em vários escândalos de corrupção parece não ser tão relevante, no caso do Senador Renan. A prioridade total é a garantia de que a agenda de Michel Temer e de sua base aliada seja levada à diante com a votação da PEC 55 (241) que congela investimentos em educação e saúde por 20 anos, a votação da Reforma da Previdência que impõe aposentadoria aos 65 anos de idade e até 50 anos de contribuição, atacando os direitos dos mais pobres para atender aos caprichos dos bancos na venda de planos privados de previdência. Soma-se a esses projetos a MP do Ensino Médio, mudanças na CLT, Lei de Terceirização, dentre outros. A corrupção foi relativizada para que esses projetos nefastos aos trabalhadores sejam aprovados no Senado. 

    Nesse sentido, cabe questionarmos, qual a credibilidade destes deputados e senadores para ocuparem as funções e decidirem a vida e o futuro de milhões de pessoas trabalhadoras, cortando seus direitos? Pelo visto, a corrupção escandaliza, porém os envolvidos se mantém em seus mandatos. No caso de Renan, ele continuará seguindo a cartilha de Temer, com aval do STF, enquanto for interessante para ambos. Já os trabalhadores serão atacados duplamente pelo governo golpista, sofrendo as consequências da corrupção, e a retirada dos seus direitos, ampliando a exploração, precarizando ainda mais as condições de trabalho e diminuindo a remuneração. Para barrar tantos retrocessos, os trabalhadores só têm a si mesmos, sua união, organização e luta. Essa deve ser a prioridade!

Regis Clemente da Costa - Licenciado em filosofia, mestre em Educação (UEPG), Doutorando em Educação (UEPG), professor Colaborador do Departamento de Educação (UEPG) e professor de filosofia da Rede Estadual de Ensino do Paraná.


Texto publicado na Coluna Conselho da Comunidade do Jornal da Manhã, em 12 de dezembro de 2016.

http://arede.info/jornaldamanha/conselho-da-comunidade/137560/A-PRIORIDADE-E-RETIRAR-OS-DIREITOS-DOS-TRABALHADORES