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UNIVERSIDADE E DESENVOLVIMENTO NO PARANÁ

07/02/2017 às 04:02

     A luta dos professores e funcionários por valorização salarial é confundida por importantes segmentos da sociedade paranaense como ligada a interesses meramente corporativos, como se a manutenção das condições ideais das IES, entre elas a salarial, não trouxesse impactos positivos à sociedade paranaense.

     O Paraná possui uma rede de universidades estaduais que cobre todo o território do estado. Quando se busca evidenciar os impactos econômicos positivos dessa rede, recorrem-se a argumentos bem conhecidos, como as demandas dirigidas aos segmentos comerciais e de serviços que a concentração de funcionários, alunos e professores geram nas cidades e regiões nas quais se localizam as IES. Neste texto, recorre-se a outro argumento, muito embora existam muitos outros, que não é tão evidente, mas fortalece a defesa das despesas e investimentos demandados pelas universidades.

     A Geografia Econômica ensinada nos últimos anos tem dado destaque para a seguinte questão: como o patrimônio científico e inovador das universidades tem gerado processos virtuosos de formação de parques e polos tecnológicos que correspondem à concentração de empresas de base tecnológica nas cidades e regiões de influência das universidades, com a criação de empregos de qualidade, contexto produtivo favorável aos negócios com viés tecnológico e inovador e ampliação da arrecadação de impostos?

      Para refletir sobre essa questão, buscamos abordar o caso paranaense, destacando que a rede das IES estaduais do Paraná oferece vários cursos de graduação e pós-graduação de base tecnológica em todas as regiões do estado, que formam um patrimônio econômico ainda pouco valorizado pelos governos que se sucederam no Paraná. Esses cursos são de qualidade porque as IES incorporaram aos seus quadros professores doutores e mestres formados nos melhores centros de ensino tecnológico do país e que se fixaram no Paraná por causa das condições de trabalho e de carreira oferecidas pelas universidades estaduais. Consideramos óbvio que uma grande parte desses profissionais só permanecerão nas IES estaduais se forem mantidas boas condições trabalho.

     Nesses termos, defende-se que esse quadro de recursos humanos poderia dar um retorno maior ao Paraná, sendo esse o argumento central que buscamos defender neste artigo. Para isso, são necessárias políticas públicas mais efetivas de incentivo à formação de parques e polos tecnológicos em torno das universidades.  Porquanto, é preciso pensar não apenas no que as IES já trazem de benefícios econômicos e sociais às cidades e regiões, mas também no que elas poderiam oferecer a mais, mas que ainda não é aproveitado em termos de geração de oportunidades econômicas, empresariais e profissionais de qualidade.

      Dessa forma, temos que fazer uma administração criteriosa dos gastos orçamentários gerados pelas IES, mas não podemos abrir mão de potencializar os impactos positivos sobre o desenvolvimento econômico do estado do Paraná que a pesquisa, o ensino e a extensão universitária podem gerar. Sabemos que já existem experiências bem sucedidas no estado relacionadas ao que se propôs, mas que ainda são muito tímidas em relação ao potencial apresentado pela rede de IES estaduais do Paraná.

 

Luiz Alexandre Gonçalves Cunha Cunha atua nas Pós-Graduações de Geografia e Ciências Sociais Aplicadas  e nos cursos de graduação em Geografia da UEPG.

Artigo publicado no Jornal da Manhã em 07/fevereiro/2017 

disponível em: http://arede.info/jornaldamanha/DEBATES/144030/UNIVERSIDADE-E-DESENVOLVIMENTO-NO-PARANA